segunda-feira, 3 de outubro de 2011

FRAGMENTOS DE YAHUSHUA (JESUS) HISTÓRICO


 As últimas décadas têm alcançado um refinamento e uma maior objetividade nos critérios da busca pelo Yahushua  histórico e as informações que temos hoje, causada pela tecnologia, faz que o véu de segredo seja rasgado. Os Judeus ortodoxos ou qualquer um que não acreditam em Yahushua como o Mashiach/Mehushkhay, são partes e herança da árvore genealógica dos assassinos de Yahushua, morto por questões religiosas.

ACHT
אחת- O critério do constrangimento:

Também conhecido como "critério da contradição", ele se refere aos atos e ditos de Yahushua  potencialmente constrangedores para Yahushua e/ou seus discípulos. O raciocínio é simples: a criatividade dos evangelistas, que elaboraram e ampliaram a tradição oral sobre a vida do Mashiach/Mehushkhay, dificilmente daria  ao trabalho de inventar histórias embaraçosas sobre seu Mestre ressuscitado.



 Mostra que a composição dos Evangelhos não foi um vale-tudo: graças à presença de uma tradição oral oriunda de testemunhas oculares da vida de Yahushua, ainda viva no tempo em que o Novo Testamento (Brit Hadasha) estava sendo escrito, os autores cristãos não se sentiam à vontade para simplesmente varrer os eventos constrangedores para debaixo do tapete. O máximo que faziam era dar uma interpretação teológica aceitável a essas circunstâncias que poderiam lançar dúvida sobre o papel de Yahushua  como Messias(Mashiach).
Exemplos de fatos aparentemente confirmados pelo critério do constrangimento são o batismo(Tevilá) de Yahushua pelas mãos de João Batista (se Cristo não tinha pecado, por que precisaria ser batizado?), a traição de Judas Iscariotes e frases de Yahushua afirmando que "somente o Pai" sabia o momento do fim dos tempos (em ambos os casos, cria-se a dúvida sobre a onisciência do profeta galileu).



SHETÁIM
שתים- O critério da descontinuidade:

Se um ensinamento ou ação de Yahushua não casa com o que ensinava o antigo judaísmo nem com a pregação da Igreja primitiva, crescem as chances de que ele venha mesmo do Yahushua histórico, argumentam os defensores desse critério.

Por meio dele, seria possível descobrir o que era "descontínuo" no ministério de Yahushua, ou seja, onde ele rompia com seus predecessores judeus ou até entrava em conflito com seus seguidores. Alguns exemplos citados por Meier são a proibição de qualquer tipo de juramento, a defesa de que, uma vez casados, homem e mulher não podem se divorciar em hipótese nenhuma e a proibição do jejum
(O Mashiach/Messias  era criticado por judeus mais rigoristas por causa disso, sendo acusado de "comilão e beberrão").



O escritor Meier alerta que esse critério, se mal utilizado, corre o risco de trazer à tona apenas os ensinamentos periféricos de Yahushua, e não necessariamente os mais importantes e essenciais.



SHALÓSH
שלש -O critério da múltipla confirmação de fontes:

Sempre é bom lembrar que Yahushua não tinha assessoria de imprensa nem porta-voz oficial. Sua vida e sua pregação foram registradas e relembradas por vários tipos de seguidores, com formação cultural, personalidade e até opiniões teológicas diferentes. Isso explica porque os Evangelhos canônicos (os "oficiais" do Novo Testamento) apresentam diferenças entre si, algumas de detalhe, outras mais marcantes. Se várias dessas fontes diferentes registram o mesmo dito ou ato, isso indica uma probabilidade maior de eles remontarem ao que o próprio Yahushua  fez e ensinou.



Para Meier, as principais fontes nos Evangelhos são o texto de Marcos (mais antigo e mais importante evangelista, para os especialistas), a tradição Q (fonte hipotética que parece estar por trás de relatos que coincidem em Mateus e Lucas, mas não em Marcos), tradições especiais M e L (exclusivas de Mateus e Lucas) e tradição joanina (do Evangelho de João).



É importante notar que o fato de uma mesma narrativa ocorrer em mais de um Evangelho não é garantia de satisfazer o critério da múltipla confirmação de fontes. As narrativas da paixão de Yahushua em Mateus e Lucas, por exemplo, parecem ser basicamente uma expansão e reformulação da mesma fonte original, o Evangelho de Marcos. Um exemplo melhor é a proclamação do "Reino de Deus (Ul)" por parte de Yahushua  -- presente em Marcos, Q, M, L, João e até nas cartas de São Paulo.




ARBÁ ארבע- O critério da coerência:

Trata-se de um critério importante, mas que só pode ser usado depois que uma quantidade razoável de dados sobre o Yahushua histórico já foi estabelecida. Nesse caso, novas informações que parecem se adequar de forma coerente com o que se sabe têm alta probabilidade de serem verdadeiras.



CHAMÊSH
חמש - O critério da Cruz:

O Evangelho de Lucas, pela boca do profeta Simeão, chama Jesus de "um sinal que provocará contradição". Para Meier, o evangelista está certíssimo nesse ponto. "Um Yahushua cujos atos e palavras não tivessem provocado antagonismo entre as pessoas, especialmente entre os poderosos, não é o Jesus histórico”.



Segundo o especialista americano, um Yahushua completamente inofensivo, que não criticasse o que via de errado na Judéia do século 1 a.C. nem propusesse algum tipo de mudança radical, jamais teria sido crucificado. Por isso, o critério da rejeição e e execução, ou o critério da Cruz, como é chamado, tende a aceitar como autênticos os fatos e ditos de Cristo que o tornariam malquisto pela elite da sociedade judaica e romana de seu tempo. Ao mesmo tempo, Meier alerta para o perigo de retratar o profeta como um revolucionário violento, coisa que ele não era.

BIBLIOGRAFIA:
Livro: “Um Judeu Marginal", John P. Méier, historiador e padre americano 

Livro: "Laços Judaicos", Carlos Vanilla, escritor e pesquisador

Nenhum comentário:

Postar um comentário